“Do rosto às axilas: a estratégia tributária por trás do Leite de Rosas”
Como um clássico de banheiro virou também um clássico do planejamento tributário
Poucos produtos no Brasil são tão icônicos quanto o Leite de Rosas. Um frasquinho rosa, um cheiro inconfundível e aquela sensação de que sua avó sempre tinha um guardado na penteadeira. Mas, além de memória afetiva, o Leite de Rosas também guarda uma história digna de manual de planejamento tributário.
Sim, o produto que muitos usavam como loção de beleza virou, nos olhos do fisco, um desodorante. E isso fez toda a diferença: como loção de beleza, o IPI era de 22%; como desodorante corporal, apenas 7%. Uma simples troca de “prateleira fiscal” significou milhões de reais em economia.
O Caso no CARF
Em 2012, a fabricante levou ao CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) o argumento de que o Leite de Rosas não era apenas uma loção cosmética.
- Prova técnica: laudos atestaram que sua fórmula contém antissépticos e bactericidas que, de fato, combatem odores.
- Reconhecimento regulatório: a Anvisa já havia aceitado que ele podia ser registrado como desodorante.
O CARF acatou. Resultado: alíquota de IPI reduzida de 22% para 7%.
Do ponto de vista do consumidor, nada mudou no frasco cor-de-rosa. Mas nos bastidores fiscais, a vitória foi enorme.
Estratégia ou “jeitinho”?
Aqui mora a sutileza. Não se tratou de fraude ou invenção. O Leite de Rosas já tinha função desodorante desde sempre. O que a empresa fez foi:
- Identificar uma brecha tributária.
- Reunir documentação técnica e regulatória.
- Pleitear no CARF a reclassificação.
Isso não é “malandragem”. É planejamento tributário legítimo. A diferença é que o caso foi pitoresco: ninguém imaginava que o “desodorante da sua avó” era também um case de otimização fiscal.
O Produto Mudou?
Não. O fabricante garante: “a formulação e a essência continuam as mesmas”.
O que mudou foi
o código NCM na nota fiscal.
O Leite de Rosas sempre foi multifuncional:
- loção de limpeza,
- pós-barba,
- até “receitinha caseira” para odor corporal.
Ou seja: já atendia ao que precisava para ser desodorante fiscalmente.
Reações do Público
- Surpresa: quando a história veio à tona, muitos riram da ideia de passar “desodorante no rosto sem saber”.
- Boatos: alguns imaginaram que a fórmula havia mudado só para pagar menos imposto – o que não procede.
- Clientes: alguns relatos falam de irritação ao usar nas axilas, já que o álcool pode ser agressivo. Mas também há quem jure que funciona muito bem para pés e odor corporal.
No fim, ficou a lição: a essência do produto não mudou. Apenas a “essência fiscal” foi reclassificada.
Paralelos Famosos
O Leite de Rosas não está sozinho:
- Sonho de Valsa (Lacta): virou wafer e escapou do IPI.
- Sorvete do McDonald’s: reclassificado como massa láctea.
Moral da história? Planejamento tributário criativo é tão importante quanto marketing.
E os Negócios Digitais com Isso?
Você pode estar pensando: “Ok, mas eu não vendo loção nem bombom. O que isso tem a ver comigo, que sou infoprodutor, afiliado ou gestor de tráfego?”
Tem tudo a ver.
- Planejamento tributário não é exclusividade de grandes empresas.
- Assim como o Leite de Rosas reduziu sua alíquota, você também pode estruturar sua operação para pagar menos imposto – dentro da lei.
- Escolher entre MEI, Simples, Lucro Presumido ou Real, mudar o seu produtos e a entrega, é no fundo, uma forma de reclassificação do seu negócio.
Um detalhe contábil pode significar anos de paz fiscal ou anos de dor de cabeça com o Leão.
Conclusão
A história do Leite de Rosas mostra que planejamento tributário é quase uma arte.
- Não é truque.
- Não é trapaça.
- É estratégia.
Assim como uma simples loção virou oficialmente um desodorante e reduziu impostos, seus negócios digitais também podem encontrar caminhos inteligentes para pagar menos, investir mais e crescer com segurança.
E no final, vale lembrar: o cheiro da vitória, nesse caso, foi de rosas.



